quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Solidão

É nos momentos de solidão que os pensamentos mais variados nos visitam. Pedro, apóstolo de Jesus, preso
atrás das grades, cantava louvores a Deus e orava. Não se deixou abater pela solidão.
John Bunyam foi preso por ser cristão. Ficou na prisão por onze anos, onde fazia cadarços para sapatos para ajudar à família. Na solidão foi visitado pela inspiração, que o convenceu a escrever o livro intitulado "O Peregrino", onde ele conta a história dos sofrimentos de um personagem chamado de Cristão; ao que me parece, escrevia sua própria biografia.
A solidão não deve ser muito longa, mais os períodos de ócio devem ser muito bem aproveitados para reflexão. Refletir sobre situações da vida, temas que nos desafiam, assuntos palpitantes ou mesmo relembrar um fato interessante, um momento que tenha sido marcante. Lembrar do primeiro amor, de palavras que nos foram ditas carinhosamente, de juras que talvez não tenham se cumprido, dos nossos filhos pequenos...
Os momentos de solidão se tornam ricos quando bem aproveitados. Cada situação refletida deve gerar em nós um novo aprendizado.

O Ocaso Por Duas Andorinhas

Os idosos  se acham no ocaso da vida. A velhice é o tempo do por do sol.
Quando a noite vem chegando, o manto negro começa a se estender sobre a terra. A brisa da "boca da noite" geralmente é mais fria. As vezes,  sopra um vento sudoeste fazendo uivar os bambus e batendo as folhas dos coqueiros, o que é um barulho meio assustador. Tudo fica escuro.
Nas cidades, as luzes tentam quebrar a densa escuridão, mas, na roça, apenas os pirilampos piscando aqi e ali, dá-nos um certo medo. O negrume da noite amedronta.! Aves agoureiras passam voando rasteiro e produzem um som assustador com o farfalhar de suas asas.
_É assim o ocaso da vida?
_Pode ser. Mas o "vô" nos contou que tinha trocado o ocaso dele por duas andorinhas.
De repente, o "vô" preferiu no entardecer, fazer a troca. Ali mesmo, no telhado da varanda da casa grande, acomodavam-se inúmeras andorinhas para dormir.
Ele escolheu duas, um casal e trocou o seu por do sol por elas que já estavam chilreando, procurando o ninho no meio das telhas. E o "vô" observava. Ao olhar para cima, viu que , embora a noite chegasse com seu negro manto, não era noite de lua e o céu estava cheio de estrelas. Tantas, tantas, como ele nuca havia reparado antes. Viu estrelas azuis, amarelas e vermelhas. De repente, uma delas, como que se desprendesse, " zuuuup"! desapareceu! Ele ficou cada vez mais encantado. De vez em quando, ouvia o cochicho das andorinhas no ninho. Elas estavam ali! O "vô",  encantado, olhava as estrelas cintilando no céu, ouvia o vento que sacudia as folhas das árvores, fazendo com que elas aplaudissem o lindo espetáculo do céu tão estrelado!
Deitado na rede, entre um cochilo e outro, o "vô" viu o dia começar a nascer e logo ouviu o reboliço de suas andorinhas, dando boas vindas ao sol que despontava cheio de alegria.. Daí a pouco , todas as aves cantavam celebrando a vida! O "vô" não cabia em si de felicidade pela boa troca que havia feito.m Trocou o ocaso pela VIDA e, cada dia era uma nova festa que ele viu se repetir por muitos anos ainda, depois que se esqueceu do manto da noite.  Quando ela ( a noite), chegava, ele acendia um luzeiro no quintal e espantava as trevas para esperar feliz no novo dia, o despontar do sol,ouvindo o canto e admirando o vôo das andorinhas, que toda tarde, vinham fazer-lhe companhia. Até o dia em que ele dormiu para sempre, e então elas mudaram seu ninho de lugar.

                             

terça-feira, 2 de outubro de 2012

NINHO

Ninho me lembra  passarinhos, aconchego, intimidade, acasalamento.
Os pássaros fazem seus ninhos. Os homens, também.
Há um tempo em que os jovens se aproximam, apaixonam-se e buscam um relacionamento mais íntimo. Pelo menos, no meu tempo, foi assim. E ai a gente construiu um ninho.. Nossa casinha era um ninho pequeno, novinho, aconchegante., com conforto e de bom gosto. Não faltava nada. Enquanto ele fazia a obra, como o "João de Barro", fazia os alicerces, as colunas, os muros de proteção, eu cuidava de enfeitar, bordar, preparar o enxoval que iria compor, embelezar, tornar fofo e quentinho aquele lugar preparado  com amor e para o amor. Havia sonhos,,, Era muito diferente... Talvez hoje seja melhor, não sei.
Eu achava linda a espera e a preparação. Aquela expectativa era muito forte, e nos fazia ter pressa de preparar tudo. Cortinas, almofadas, travesseiros, colchas e lençóis, camisolas e toalhas, tudo com o maior carinho...   Finalmente, depois da bênção, o ninho foi habitado e estava muito agradável para receber os jovens apaixonados. Das delícias desse amor, amor no trato, na mesa da refeição preparada com tanto carinho, nas carícias , nos afagos, nos sonhos a dois, um ano depois chegava o primeiro fruto desse grande amor. Uma  linda menininha e, a seguir, mais três meninos que encheram o ninho de alegria, de trabalho, de preocupação e de responsabilidade. Os anos passaram. O ninho já era apertado. Nova casa bem grande. Outra mais conveniente na localização, perto da escola. Ninho cheio, movimentado, barulhento...
O tempo passou... Os filhotes cresceram e voaram. Foram construir seus ninhos também.


Hoje, meu ninho está quase vazio. Vazio de pessoas. Daquelas pessoas,.... Mas, quando eles chegam, agora acompanhados de esposa e filhotes, minha filha, genro, meus netos , meus rapazes preciosos, o ninho fica de novo em festa! Ouvem-se cânticos, notas musicais, louvores, gritos de alegria, risos de criança e muita, muita alegria.!

 Ontem foi um desses dias. Almoçamos juntos, tiramos fotos, cantamos , rimos, agradecemos a Deus e vibramos ao som de "Mamãe, Mamãe, Mamãe, pelo Andinho, o filho do meio. Homenagens, presentes , festa!
Quando eles vão embora, a casa fica vazia,mas isso não me traz tristeza nem depressão. Vou, carinhosamente, e sem pressa colocando nos lugares as coisas que foram retiradas ou espalhadas pelo nosso pequeno e precioso Davi (de apenas dois aninhos)


recolocando as almofadas e afofando a cama que fica de novo arrumadinha por muito tempo... Confesso que gosto de ver a casa arrumadinha, mas não me prendo a isso. Aquela baguncinha que fica  quando estamos todos juntos é maravilhosa! Não fico presa à casa. Saio para minhas atividades, sou ativa, visito pessoas carentes , idosos, mas ao chegar de volta ao lar , sinto-me feliz.
Agradeço a Deus pela minha casa que continua sendo o meu ninho Não é um ninho vazio. Hoje, o que preenche minha vida são os livros, os textos que escrevo, minha meditação, minhas conversas com o Pai Celestial,  por isso mesmo não me sobra tempo para ter solidão. Meu ninho tem sempre alegria, esperanças, músicas, louvores a Deus. Recebo o carinho dos netos que moram em cima, constantemente.. Da filha, do genro e do meu Xan. Não me sinto só , nem lamento o ninho vazio...           
  Maio de 2012

Envelhecer é Uma Arte

 1º de outubro de 2012    (Dia do Idoso)                                              
      
Eu sei que a herança genética é fator importantíssimo em toda nossa vida, influenciando até mesmo, no tempo do envelhecer, embora esses fatores não sejam únicos e decisivos.
 Hoje, contamos com os avanços tecnológicos, trazendo recursos que também podem influenciar o envelhecimento com melhor qualidade de vida, beleza e estética, mais ou menos preservadas. Tudo isso é importante, não podemos negar. 
Considero que a saúde física e mental, os recursos financeiros que muito ajudam, uma família ajustada, são condições prioritárias para uma velhice equilibrada e feliz. No entanto, foi o idoso mesmo, quem durante a sua vida, traçou o perfil de sua velhice.
 Se durante a caminhada, o homem ou a mulher soube administrar suas finanças, suas crises, suas dificuldades e suas vitórias, estes , certamente, entrarão na terceira idade, nesse mesmo compasso.
 Não nascemos sabendo. Mas o dia a dia, as experiências passadas, a observação do que acontece ao nosso redor, são dados que vamos somando ao nosso conhecimento, sempre.
 Daí dizer-se que o idoso é sábio. Sim, a soma dos conhecimentos ao longo do tempo, nos acrescenta essa qualidade.


O idoso deve também ler bastante: jornais, livros, revistas. Sempre acharemos algo novo e proveitoso que venha acrescentar ou confirmar nossas idéias.
Para viver a velhice com equilíbrio, o ancião deverá lutar para não perder sua autonomia, não distribuir o que possui antes da hora necessária. Já ouvi muitas vezes o dito popular: "Quem dá o que tem, a pedir vem".
Não deixe de administrar os seus bens, enquanto puder.
 Cuide de sua saúde, use os seus recursos, antes de tudo em seu próprio favor, com sua alimentação adequada e seus remédios .Não podemos nos esquecer dos cuidados com os dentes, com os cabelos... 
 Passeie, procure atividades físicas e de lazer, para manter uma boa qualidade de vida.

 Tenha amigos, tenha vida social e religiosa e, não deixe, se possível de ter um bom relacionamento com os filhos e familiares. Os filhos devem observar como você se cuida e como gostará de ser cuidado sempre. Alguns de nós, certamente, experimentaremos dias em que estaremos, então, dependentes deles ou de algum cuidador. Que os filhos percebam a sua maneira de administrar sua vida e possam ter a dedicação de manter esses cuidados até o fim. Isso é o mínimo que deverão fazer por aqueles que os geraram e os educaram, preparando-os para a vida. Que eles reconheçam que os êxitos e as vitórias que estão experimentando hoje, é fruto da herança genética que receberam dos pais, além do esforço, da dedicação, da doação em amor, do exemplo e da educação que lhes deram , certamente tendo sido uma "mãe má", que soube lhes impor limites, ensinando deveres e direitos e, ainda, e principalmente, a conhecer a Deus, o Pai por excelência de quem nos vem toda força positiva para caminhar na Luz. Que os filhos possam perceber isso, procurando também, ser exemplo para seus filhos, de modo que os valores da educação, da família e da fé sejam preservados

Escreva , meu irmão, meu amigo, com muito cuidado, a sua história de vida, mas não deixe  ninguém segurar a caneta. Escreva você mesmo, ainda que as mãos já estejam trêmulas.
Reflita sobre isso.
                                                      

O Lugar dos Sonhos

Bem lá em cima, no alto do morro, passava a cerca que dividia o sítio, que não era muito grande. Uma boa parte da baixada por onde corria o riacho, mais ou menos um terço da propriedade, era ocupado pelo pasto verde, bem cuidado, em que pastam tranquilos  três belos cavalos. A parte restante, era plantada com árvores frutíferas. Bananeiras , laranjeiras, canas caianas, e o alto pé de cambucá. Havia ainda bastante aipim, e milho era plantado para servir de ração para os animais. Aquele topo do monte era um ponto estratégico. Ali se sentava, quase todos os dias, a moreninha do sítio. Era pequena , do tipo mignon, não crescera muito, já tinha 12 anos, já era uma mocinha.


Muito solitária, não tendo com quem brincar, subia o monte e lá se sentia livre, para jogar com os sonhos e as fantasias que construía  Levava os livros pois ali era o lugar ideal para decorar verbos, estudando-os em todos os tempos, modos e pessoas. Bem alto , recitava as capitais dos estados brasileiros, desde o Amapá ao Chui.  E o vento que levava suas palavras, era responsável pela fixação que era realizada através do eco, que repetia suas palavras. Era um processo natural, interessante e agradável. De lá de cima, ela conseguia ver trechos da estrada que limitava o sítio de um e de outro lado. Essas estradas  encontravam-se adiante, no final da baixada e eram cercadas de bambu gigante, o que dava um aspecto sombrio à entrada do sítio.
Como nascera ali, ela conhecia quase todas as pessoas que passavam nas estradas, mesmo à distância. Os rapazinhos passavam de bicicleta ou a cavalo. Cada bicicleta era caracterizada pelo ruído de sua campainha  e os cavaleiros pelo trotar de seus cavalos ou pela canção que assobiavam pelo caminho.

Aquele era o seu ateliê de sonhos- alegres, coloridos, felizes ou cheios de esperança ou de dúvidas e incertezas. Espinhos pontiagudos , tirados com muito cuidado , eram usados como lápis para escrever ou gravar, nas folhas verdes e espessas de uma planta comum, comestível, a mesma de onde tirava os espinhos,chamada de "Orai pro nobis", cujas folhas são tenras, gelatinosas, sem nervuras, parecendo próprias para gravar o nome do príncipe sonhado...

Sempre, lá estava ela, á sombra de uma grande carrapeteira, que a protegia dos raios fortes do sol. Sob um chapéu cor dr palha, seus cabelos, escuros e levemente cacheados, deixavam à mostra seu rostinho mais  europeu do que mestiço. Seus olhos, quase negros, estavam sempre atentos aos visitantes constantes: passarinhos que pousavam bem pertinho, e pareciam entender seus pensamentos. As borboletas coloridas, grandes e pequenas, chegavam a assustá-la, pousando no seu chapéu .. Lagartixas que passavam correndo, espantavam a "fadinha do monte". Quando ouvia a campainha da bicicleta que seu coração já identificava, colocava-se de pé, jogava as cartinhas de folhas verdes, atirava beijos que jamais alcançaram o pretendente. Ele nuca soube que ela estava ali....


Tão tímida, tão pequena, seu amor morava no monte e, só ali ele se revelava como se o bem-te-vi que a ouvia, pudesse levar recados, e o beija-flor,  quando pairava no ar, tão perto dela, quisesse  lhe entregar uma mensagem envolta em poesia, embalada na paina que voava no ar, tão leve e macia...
Quando a tarde chegava, passavam voando, aves que pareciam patos  selvagens. Ela percebia que era hora de voltar para casa. O sol já  começava a descambar no horizonte e a brisa começava a refrescar...
Ela se levantava, sacudia o vestido rodado, ajeitava o chapéu e pegava os pertences para o retorno. Por ali ficavam inúmeros bilhetes, cartinhas e mensagens que não foram enviados, a não ser pelo pensamento. Lindos recadinhos de amor, carinhos tecidos em sonho, como se fosse um grande tapete, com cores de esperança e de alegria. Seus sonhos ficavam ali. Era sua oficina, na qual tecia, a cada dia novas ilusões.

Voltava para casa para dormir e sonhar. Sonhava com formigas que passavam em correição, carregando a carruagem que trazia o seu príncipe encantado! Era tão pequenino. Era mesmo um sonho. Sonho de menina.
No dia seguinte, quando voltava da escola, depois de almoçar e fazer os deveres, lá ia ela, em busca do seu camarim,  em que todos os personagens de suas histórias, todos, passavam pelos caminhos coloridos da imaginação. A menina já teria escrito um livro, se aquelas folhas fossem contadas e registradas. No entanto, no dia seguinte, estavam todas murchas, quase secas, o que despertava em seu coração novas idéias, novas imagens para outras declarações, cada vez mais lindas.

Então, cuidadosamente, para não se ferir nos espinhos, retirava algumas lindas flores do "Orai pro nobis", que eram doces como verdadeiras rosas, e com elas enfeitava seu chapéu, como se se preparasse para o encontro imaginário do entardecer, quando as formiguinhas e os colibris ajudariam a segurar o longo véu que a enfeitaria para ir ao encontro de seus pensamentos. Estava tão envolvida em seus devaneios, entre fadas e madrinhas, que não percebeu a aproximação de seu pai que, ocasionalmente , passara por ali, reparando as cercas.

Ah! Que susto! Toda sua corte se desfez como uma bolha de sabão e se viu acordar do encantamento a moreninha do sítio que, meio sem graça, aproveitou a companhia para o retorno, ansiosa que chegasse o dia seguinte para continuar a tecer seu tapete colorido...

domingo, 5 de agosto de 2012

Mudanças que o tempo trouxe

"O tempo é ouro!" Dizia minha mãe. 
"Tempo é dinheiro." Ouvi de várias pessoas mais velhas, quando eu era criança.

Não perca tempo com bobagens!  Assim falava mamãe quando nos via meio que as escondidas, olhando uma revista em quadrinhos ou uma fotonovela. Houve um tempo em minha vida, que já vai longe, é bem verdade, em que tudo ou quase tudo, era proibido. As opções eram : estudar, cuidar da casa, ou estudar... Felizmente, eu gostava das duas, mas estudei bastante. Aprendi muito, assim eu considero.
A vida com suas reais dificuldades me ensinou a trabalhar cedo, a respeitar os outros, a me fazer respeitar, a distinguir o mal e o bem.
As mudanças que o tempo trouxe são muito grandes. Me surpreende a maneira corrida como vivemos hoje. Na minha adolescência, embora o tempo já fosse considerado dinheiro, passavamos várias horas do dia , bordando, desenhando e lendo poesias e alguns romances. A noite, íamos dormir cedo, pois não tinha o que fazer...

Hoje, a mulher trabalha fora,administra empresa, cuida dos filhos, cuida da casa com auxílio de uma ajudante, atende ao marido, tem vida social ativa e, consegue fazer tudo isso com sucesso. Os tempos mudaram... O homem já não é o provedor da casa, mas geralmente meio provedor. A mulher tem sua participação. 
Em sua grande maioria, os homens tiraram a sua capa de machistas e já colaboram em alguns afazeres domésticos como: cuidar das crianças, brincar com elas, fazer compras e lavar a louça... Alguns... 
A mulher entrou na competição do trabalho e realiza atividades tão ou mais importantes quanto o homem. Nos laboratórios científicos, nos estudos e descobertas da medicina nuclear, nas forças armadas,... não há mais limites para elas, como temos visto. O mito da "parte mais fraca", ficou no passado. 

A educação também quebrou tabus e vem abrindo a cada dia  horizontes mai belos e ousados  e futuro mais promissor para nossos jovens. Só lamento é que ao mesmo tempo lado a lado, a porta da liberdade que foi aberta, escancarada, tenha se tornado em libertinagem e os conceitos trocados, de forma que às vezes, nos assustam um pouco. Mas, acreditamos na modernidade. Devagarinho, essa liberdade encontrará seu caminho e conseguirá refrear os exageros e esperamos que tudo volte a caminhar de maneira mais equilibrada, no sentido da preservação da natureza, da violência,  das drogas e desajustes sociais.

Os valores que eram esperados das autoridades, do sistema governamental, tomou novo rumo, nova conotação. Daí , não termos mais em quem confiar, em quem esperar. Mas isso não me faz desistir. Eu acredito que nossos filhos e netos, ( de cada família que crê), ainda serão usados por Deus, para fazer a diferença que Ele espera. E eu creio que ainda existem muitas famílias que buscam a verdade, que vistam a camisa do Bem e que, ainda de mãos dadas e corações unidos, abracem o Verde-Amarelo-Azul e Branco, que queremos irradiar para as nações do mundo,e, unidos com esses povos, debaixo da Unção e da Graça de um Único Deus soberano, ainda veremos, (talvez não eu) um mundo melhor!

Um mundo cuja bandeira Única seja a do Equilíbrio, da Justiça e do Amor. Quando me refiro a nossos filhos e netos, quero dizer que tudo precisa começar a partir de nós, com a nossa pequena, quase insignificativa participação, que, como neurônios vivos, ainda que cansados, tocando-se, ligando-se, em uma corrente mundial, formarão um cérebro novo, com idéias saudáveis, cheias de sabedoria, daSabedoria Plena e Total que criou todas as coisas e que pode , sem dúvida, aperfeiçoá-las.

É necessário crer e fazer a sua parte! Nunca desista, faça o que está em seu alcance! Ele completará quando mãos santas se unirem em redor do mesmo objetivo Tudo é uma questão de Tempo.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Pensando bem...

Parece que me vejo na beira do riacho, olhando os minúsculos peixes e girinos que fervilhavam nas águas claras que corriam mansas. Gostava de sentar-me até para ouvir o doce murmúrio das águas... 
Era uma sensação de paz e de encantamento, difícil de traduzir com palavras...


Se cada ser humano tivesse tido a oportunidade de conviver com a natureza e perceber quão deliciosas e relaxantes são as belezas indescritíveis de momentos assim, de contato com as águas, do toque, do cheiro do mato, do orvalho da manhã, do céu estrelado em noites sem lua... o mundo seria diferente hoje.

Se cada criatura tivesse , um dia, sido embalada numa rede e recebido os afagos e carinhos de mãe que a amasse, convivido com abraços de pai  e recebido deles os limites necessários... e crescesse a correr em campos espaçosos, onde pudesse observar o namoro das aves quando carinhosamente se aproximam para o acasalamento; observasse a companhia dos cães, tão fiéis aos seus donos, percebido que a natureza não dá saltos, mas nela tudo tem seu curso equilibrado... Creio que o mundo seria diferente... Não haveria tanto estresse, tanta pressa, tanta competição e, certamente, não teríamos tanta ganância e a violência exacerbada como a de nossos dias.

Vivendo uma vida bastante equilibrada, observando valores como o Amor a Deus, o Criador de todas as coisas, admirando e cuidando da natureza ou das coisas criadas com dedicação, certamente hoje ouviríamos muito menos o rugir das grandes tempestades, o grito lancinante da ambulância, o estampido de tantas armas de fogo, e estaria mais presente em nossos ouvidos o misterioso som das águas calmas, com seu sotaque de paz, enquanto descem as colinas cantando!

sexta-feira, 1 de junho de 2012

AMOR

Era uma manhã ensolarada.  O Sol já vinha alto, e a lua que se atrasara naquela noite, ainda estava lá em cima no céu. Encabulada e  vexada com o atraso, a lua quase não levantava os olhos.  Mas entre uma piscada e outra, ela percebeu o que nunca tinha reparado antes. O Sol era lindo! Forte! Másculo! Poderoso!


Ah, que vergonha, além de atrasada, a Lua ainda deu uma paradinha para olhar o astro Rei. Estava tão encabulada...
Ao entardecer do mesmo dia, a Lua estava anciosa para aparecer logo no céu e ainda poder ver aquele rosto redondo que enche de vida o mundo, nem que fosse só por um pouquinho.
O Sol que já estava se pondo,nem reparou no brilho da Lua, que se confundia com tantos brilhos de tantas estrelas que piscavam ao mesmo tempo. Naquela noite,mesmo seguida por suas damas de companhia, as estrelas que a cercam, a Lua se sentiu tão sozinha... Seu coração calmo estava sentindo solidão. A Lua estava ficando apaixonada... O Sol, na sua grandeza e exuberância, nem imaginava o que acontecia naquele pálido coração.
Vários dias despontaram com o Sol brilhante. A Lua , que já estava de saída ,olhava para trás anciosa por uma piscadinha especial, que não acontecia... A luz que emanava do Sol era tanta, tanta,que a ofuscava.E ele se escondia no poente como se nada percebesse.
Vieram dias nublados, e nesses a pobre Lua apaixonada, sentia tanta saudade. Não conseguia aparecer entre as nuvens e também não via oseu amado. Felizmente, as nuvens se dissiparam e o Sol voltou a brilhar como antes, com seu ar de "Todo Poderoso" nos céus.
A Lua cheia, alegre, enamorada, jogou beijinhos no fim da tarde, quando seu amado já se ocultava no ocaso.


Durante a noite, lá do alto , ela feliz, via os casais de namorados trocando carícias nas  praças, e cheia, cheinha de amor, ela os iluminava com seu clarão prateado que desperta os sentimentos nos corações. Ela se inspirava e sonhava com seu amado, o Sol altaneiro e ofuscante.
Numa certa noite, toda vestida de prata, a Lua veio rompendo garbosa, procurando se apresentar muito, muito linda para o seu amor. Nesse momento, ela percebeu que a terra, que sempre parecera sua amiga, como uma intrusa, foi se acomodando bem na sua frente, impedindo que os braços, os raios calientes do Sol a iluminassem; e pouco a pouco ela foi se sentindo numa escuridão tão densa... Foi muito triste... Sentiu uma tristeza impossível de descrecver. Pensou que nunca mais veria aquela luz que a iluminava, aquele fogo que aquecia o seu coração... Pensou que sucumbiria, que seria o fim. Felizmente, lenta, muito lentamente, aquela sombra que a sufocava começou a se retirar; e em pouco tempo, reanimada, a Lua pode sentir os afagos daqueles raios quentes e luminosos. Ah, que alívio! Foi apenas um eclipse!
As noites voltaram à sua rotina normal e quando o Sol se despedia, aparecia no céu a Princesa da Noite, cercada de estrelas, apaixonada pelo Rei do Dia, que percebendo seu amor pode então declarar para ela que já a amava à distância,há muito tempo, e por isso mesmo, algumas tardes pintava o céu de vermelho, para recebê-la caliente e amante. Outras tardes, para esperá-la, ele se escondia atrás de algumas nuvens, filtrava seus raios para as montanhas, bordava de ouro o desenho do céu., para esperar surgir, cheia de brilho nos olhos, a doce Lua apaixonada.
O romance eterno continua. Às vezes ela fica triste, quando o céu fica nublado, então abatida, passa pelo minguante. Mas seu coração sabe que é preciso reagir. É o início do crescente. Se enche de alegria quando está na cheia, cheia de um brilho intenso, que o seu amante joga sobre ela. São as noites de sonhos dos casais enamorados. Ela desfila cheinha de amor. Passadas essas noites lindas ela se recolhe num período que tras ao coração do Sol uma saudade louca, um desejo imenso de cobrí-la de luz, enchê-la de vida, de alegria, de beijos iluminados, mesmo à distância; É a fase da lua nova. Ela está se preparando para em breve, surgir de novo atras da serra, com nova roupagem, linda como uma noiva, anciosa pelo noivo, esbanjando alegria, vida e luminosidade.
O amor é lindo... Mesmo à distância, especialmente aquele amor que dura para sempre.

Velhice

Gosto de pensar na velhice como um tempo bom, um tempo de calma e paz que tenho experimentado ultimamente. Não posso deixar de reconhecer que nem todas as pessoas tem uma experiência tão boa quanto eu tenho tido até aqui.
Olho esse tempo como uma nova fase menos austera da vida, pelo menos no que tange a tantos compromissos, horários, responsabilidades..., agenda cheia.... Esse momento já ficou para trás, mas continuamos vivendo, influenciando e sendo influenciados por aqueles que nos cercam.
Considero que hoje vivemos muito melhor. Antigamente, muito cedo, ja éramos considerados velhos. Agora não precisamos esconder a idade, usando artifícios para mascarar os anos mais de vida. O que na verdade precisamos valorizar é uma mente arejada e a alegria de viver com prazer. No dia em que formos deixando de realizarnegócios, dirigir uma empresa e viajar sozinhos para o exterior, e isso não será um fato estanque, deve acontecer lentamente, não precisamos nos assustar. Ainda haverá muito a receber e a oferecer. Sem dúvida, não teremos mais a mesma vivacidade e brilho no olhar, nem a pele lisa e bronzeada, nem a mesma agilidade de antes, mas, que nossa alma tenha crescido como árvore frondosa, com galhos, folhas; embora o tronco esteja arqueado e sua casca enrugada e manchada como pele de sapo, ainda assim, pássaros podem se aninhar nela.


Podemos abraçar e receber abraços, amar e ainda ser amados e ainda frutos do outono podem ser vistos em seus braços. O Salmo 90 (Bíblia) diz que "aqueles que forem plantados nos átrios de Deus, ainda na velhice darão frutos, viçosos e florescentes". Que frutos são esses? O seu exemplo de vida, o seu testemunho, a sua dignidade, as marcas que voce deixou por onde caminhou, as palavras s´bias que usou, os textos que escreveu, as suas orações e palavras de bênção. São frutos que os outros estão colhendo e ainda recolherão quando voce não estiver mais aqui.
Não é necessário nem é possível que permaneçamos jovens por toda a vida. A velhice é um tempo que deve ser reconhecido como prêmio, pois muitos não a alcançarão. E como tal, o idoso premiado não precisa ter características jovens. Ele deve ter um caráter maduro, espírito que acompanhe a sua idade e seu estilo de vida. A alegria, a maturidade, o discernimento, devem acompanhar esse amadurecer da vida e com alegria devemos celebrar esse tempo que pode ser útil e abençoado para o idoso e para os que o cercam.

domingo, 13 de maio de 2012

Eu no espelho

Espelho, espelho meu?!
Não sou a madrasta da Branca de Neve, mas gosto muito de um espelho. Não para admirar meus traços, ou melhor, minhas rugas, mas para agradecer a Deus que me fez à sua imagem e semelhança.
Gosto de olhar no espelho e ver que meus olhos enxergam; de perceber que a minha pele não é perfeita, tem manchas, mas que elas são própriasda minha idade; de sentir que estou viva...
Geralmente, quando me olho no espelho, vejo muito além da aparência física. As vezes vejo nos meus olhos certas tristezas e dores como as que estou vivendo esta semana. Mas, ao confrontar de novo, sinto a doçura da frase que meu coração envia dizendo:" Isto também passará"  . É certo que vai passar. O tempo se encarrega de nos aliviar as dores.
Fico , no entanto , feliz, pois não vejo no meu espelho nenhuma mágoa, nenhum desejo de vingança, nenhuma tristeza duradoura, nem alguma amargura. Posso dizer que meu espelho é feliz. Ele sempre reflete esperança, alegria, bons pensamentos, prazer em viver.
Outro dia, comprei uns adesivos coloridos e enfeitei  meus espelhos com florzinhas e corações pequenos e grandes. È o reflexo da menina de setenta quando se olha no espelho. Meu desejo é que as pessoas possam ser influenciadas pela nossa aparência sorridente e não como o cachorrinho mal humorado que não quis voltar por ter visto nos espelhos  o seu próprio mal humor.