terça-feira, 2 de outubro de 2012

NINHO

Ninho me lembra  passarinhos, aconchego, intimidade, acasalamento.
Os pássaros fazem seus ninhos. Os homens, também.
Há um tempo em que os jovens se aproximam, apaixonam-se e buscam um relacionamento mais íntimo. Pelo menos, no meu tempo, foi assim. E ai a gente construiu um ninho.. Nossa casinha era um ninho pequeno, novinho, aconchegante., com conforto e de bom gosto. Não faltava nada. Enquanto ele fazia a obra, como o "João de Barro", fazia os alicerces, as colunas, os muros de proteção, eu cuidava de enfeitar, bordar, preparar o enxoval que iria compor, embelezar, tornar fofo e quentinho aquele lugar preparado  com amor e para o amor. Havia sonhos,,, Era muito diferente... Talvez hoje seja melhor, não sei.
Eu achava linda a espera e a preparação. Aquela expectativa era muito forte, e nos fazia ter pressa de preparar tudo. Cortinas, almofadas, travesseiros, colchas e lençóis, camisolas e toalhas, tudo com o maior carinho...   Finalmente, depois da bênção, o ninho foi habitado e estava muito agradável para receber os jovens apaixonados. Das delícias desse amor, amor no trato, na mesa da refeição preparada com tanto carinho, nas carícias , nos afagos, nos sonhos a dois, um ano depois chegava o primeiro fruto desse grande amor. Uma  linda menininha e, a seguir, mais três meninos que encheram o ninho de alegria, de trabalho, de preocupação e de responsabilidade. Os anos passaram. O ninho já era apertado. Nova casa bem grande. Outra mais conveniente na localização, perto da escola. Ninho cheio, movimentado, barulhento...
O tempo passou... Os filhotes cresceram e voaram. Foram construir seus ninhos também.


Hoje, meu ninho está quase vazio. Vazio de pessoas. Daquelas pessoas,.... Mas, quando eles chegam, agora acompanhados de esposa e filhotes, minha filha, genro, meus netos , meus rapazes preciosos, o ninho fica de novo em festa! Ouvem-se cânticos, notas musicais, louvores, gritos de alegria, risos de criança e muita, muita alegria.!

 Ontem foi um desses dias. Almoçamos juntos, tiramos fotos, cantamos , rimos, agradecemos a Deus e vibramos ao som de "Mamãe, Mamãe, Mamãe, pelo Andinho, o filho do meio. Homenagens, presentes , festa!
Quando eles vão embora, a casa fica vazia,mas isso não me traz tristeza nem depressão. Vou, carinhosamente, e sem pressa colocando nos lugares as coisas que foram retiradas ou espalhadas pelo nosso pequeno e precioso Davi (de apenas dois aninhos)


recolocando as almofadas e afofando a cama que fica de novo arrumadinha por muito tempo... Confesso que gosto de ver a casa arrumadinha, mas não me prendo a isso. Aquela baguncinha que fica  quando estamos todos juntos é maravilhosa! Não fico presa à casa. Saio para minhas atividades, sou ativa, visito pessoas carentes , idosos, mas ao chegar de volta ao lar , sinto-me feliz.
Agradeço a Deus pela minha casa que continua sendo o meu ninho Não é um ninho vazio. Hoje, o que preenche minha vida são os livros, os textos que escrevo, minha meditação, minhas conversas com o Pai Celestial,  por isso mesmo não me sobra tempo para ter solidão. Meu ninho tem sempre alegria, esperanças, músicas, louvores a Deus. Recebo o carinho dos netos que moram em cima, constantemente.. Da filha, do genro e do meu Xan. Não me sinto só , nem lamento o ninho vazio...           
  Maio de 2012

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