Era uma manhã ensolarada. O Sol já vinha alto, e a lua que se atrasara naquela noite, ainda estava lá em cima no céu. Encabulada e vexada com o atraso, a lua quase não levantava os olhos. Mas entre uma piscada e outra, ela percebeu o que nunca tinha reparado antes. O Sol era lindo! Forte! Másculo! Poderoso!
Ah, que vergonha, além de atrasada, a Lua ainda deu uma paradinha para olhar o astro Rei. Estava tão encabulada...
Ao entardecer do mesmo dia, a Lua estava anciosa para aparecer logo no céu e ainda poder ver aquele rosto redondo que enche de vida o mundo, nem que fosse só por um pouquinho.
O Sol que já estava se pondo,nem reparou no brilho da Lua, que se confundia com tantos brilhos de tantas estrelas que piscavam ao mesmo tempo. Naquela noite,mesmo seguida por suas damas de companhia, as estrelas que a cercam, a Lua se sentiu tão sozinha... Seu coração calmo estava sentindo solidão. A Lua estava ficando apaixonada... O Sol, na sua grandeza e exuberância, nem imaginava o que acontecia naquele pálido coração.
Vários dias despontaram com o Sol brilhante. A Lua , que já estava de saída ,olhava para trás anciosa por uma piscadinha especial, que não acontecia... A luz que emanava do Sol era tanta, tanta,que a ofuscava.E ele se escondia no poente como se nada percebesse.
Vieram dias nublados, e nesses a pobre Lua apaixonada, sentia tanta saudade. Não conseguia aparecer entre as nuvens e também não via oseu amado. Felizmente, as nuvens se dissiparam e o Sol voltou a brilhar como antes, com seu ar de "Todo Poderoso" nos céus.
A Lua cheia, alegre, enamorada, jogou beijinhos no fim da tarde, quando seu amado já se ocultava no ocaso.
Durante a noite, lá do alto , ela feliz, via os casais de namorados trocando carícias nas praças, e cheia, cheinha de amor, ela os iluminava com seu clarão prateado que desperta os sentimentos nos corações. Ela se inspirava e sonhava com seu amado, o Sol altaneiro e ofuscante.
Numa certa noite, toda vestida de prata, a Lua veio rompendo garbosa, procurando se apresentar muito, muito linda para o seu amor. Nesse momento, ela percebeu que a terra, que sempre parecera sua amiga, como uma intrusa, foi se acomodando bem na sua frente, impedindo que os braços, os raios calientes do Sol a iluminassem; e pouco a pouco ela foi se sentindo numa escuridão tão densa... Foi muito triste... Sentiu uma tristeza impossível de descrecver. Pensou que nunca mais veria aquela luz que a iluminava, aquele fogo que aquecia o seu coração... Pensou que sucumbiria, que seria o fim. Felizmente, lenta, muito lentamente, aquela sombra que a sufocava começou a se retirar; e em pouco tempo, reanimada, a Lua pode sentir os afagos daqueles raios quentes e luminosos. Ah, que alívio! Foi apenas um eclipse!
As noites voltaram à sua rotina normal e quando o Sol se despedia, aparecia no céu a Princesa da Noite, cercada de estrelas, apaixonada pelo Rei do Dia, que percebendo seu amor pode então declarar para ela que já a amava à distância,há muito tempo, e por isso mesmo, algumas tardes pintava o céu de vermelho, para recebê-la caliente e amante. Outras tardes, para esperá-la, ele se escondia atrás de algumas nuvens, filtrava seus raios para as montanhas, bordava de ouro o desenho do céu., para esperar surgir, cheia de brilho nos olhos, a doce Lua apaixonada.
O romance eterno continua. Às vezes ela fica triste, quando o céu fica nublado, então abatida, passa pelo minguante. Mas seu coração sabe que é preciso reagir. É o início do crescente. Se enche de alegria quando está na cheia, cheia de um brilho intenso, que o seu amante joga sobre ela. São as noites de sonhos dos casais enamorados. Ela desfila cheinha de amor. Passadas essas noites lindas ela se recolhe num período que tras ao coração do Sol uma saudade louca, um desejo imenso de cobrí-la de luz, enchê-la de vida, de alegria, de beijos iluminados, mesmo à distância; É a fase da lua nova. Ela está se preparando para em breve, surgir de novo atras da serra, com nova roupagem, linda como uma noiva, anciosa pelo noivo, esbanjando alegria, vida e luminosidade.
O amor é lindo... Mesmo à distância, especialmente aquele amor que dura para sempre.