terça-feira, 19 de junho de 2012

Pensando bem...

Parece que me vejo na beira do riacho, olhando os minúsculos peixes e girinos que fervilhavam nas águas claras que corriam mansas. Gostava de sentar-me até para ouvir o doce murmúrio das águas... 
Era uma sensação de paz e de encantamento, difícil de traduzir com palavras...


Se cada ser humano tivesse tido a oportunidade de conviver com a natureza e perceber quão deliciosas e relaxantes são as belezas indescritíveis de momentos assim, de contato com as águas, do toque, do cheiro do mato, do orvalho da manhã, do céu estrelado em noites sem lua... o mundo seria diferente hoje.

Se cada criatura tivesse , um dia, sido embalada numa rede e recebido os afagos e carinhos de mãe que a amasse, convivido com abraços de pai  e recebido deles os limites necessários... e crescesse a correr em campos espaçosos, onde pudesse observar o namoro das aves quando carinhosamente se aproximam para o acasalamento; observasse a companhia dos cães, tão fiéis aos seus donos, percebido que a natureza não dá saltos, mas nela tudo tem seu curso equilibrado... Creio que o mundo seria diferente... Não haveria tanto estresse, tanta pressa, tanta competição e, certamente, não teríamos tanta ganância e a violência exacerbada como a de nossos dias.

Vivendo uma vida bastante equilibrada, observando valores como o Amor a Deus, o Criador de todas as coisas, admirando e cuidando da natureza ou das coisas criadas com dedicação, certamente hoje ouviríamos muito menos o rugir das grandes tempestades, o grito lancinante da ambulância, o estampido de tantas armas de fogo, e estaria mais presente em nossos ouvidos o misterioso som das águas calmas, com seu sotaque de paz, enquanto descem as colinas cantando!

sexta-feira, 1 de junho de 2012

AMOR

Era uma manhã ensolarada.  O Sol já vinha alto, e a lua que se atrasara naquela noite, ainda estava lá em cima no céu. Encabulada e  vexada com o atraso, a lua quase não levantava os olhos.  Mas entre uma piscada e outra, ela percebeu o que nunca tinha reparado antes. O Sol era lindo! Forte! Másculo! Poderoso!


Ah, que vergonha, além de atrasada, a Lua ainda deu uma paradinha para olhar o astro Rei. Estava tão encabulada...
Ao entardecer do mesmo dia, a Lua estava anciosa para aparecer logo no céu e ainda poder ver aquele rosto redondo que enche de vida o mundo, nem que fosse só por um pouquinho.
O Sol que já estava se pondo,nem reparou no brilho da Lua, que se confundia com tantos brilhos de tantas estrelas que piscavam ao mesmo tempo. Naquela noite,mesmo seguida por suas damas de companhia, as estrelas que a cercam, a Lua se sentiu tão sozinha... Seu coração calmo estava sentindo solidão. A Lua estava ficando apaixonada... O Sol, na sua grandeza e exuberância, nem imaginava o que acontecia naquele pálido coração.
Vários dias despontaram com o Sol brilhante. A Lua , que já estava de saída ,olhava para trás anciosa por uma piscadinha especial, que não acontecia... A luz que emanava do Sol era tanta, tanta,que a ofuscava.E ele se escondia no poente como se nada percebesse.
Vieram dias nublados, e nesses a pobre Lua apaixonada, sentia tanta saudade. Não conseguia aparecer entre as nuvens e também não via oseu amado. Felizmente, as nuvens se dissiparam e o Sol voltou a brilhar como antes, com seu ar de "Todo Poderoso" nos céus.
A Lua cheia, alegre, enamorada, jogou beijinhos no fim da tarde, quando seu amado já se ocultava no ocaso.


Durante a noite, lá do alto , ela feliz, via os casais de namorados trocando carícias nas  praças, e cheia, cheinha de amor, ela os iluminava com seu clarão prateado que desperta os sentimentos nos corações. Ela se inspirava e sonhava com seu amado, o Sol altaneiro e ofuscante.
Numa certa noite, toda vestida de prata, a Lua veio rompendo garbosa, procurando se apresentar muito, muito linda para o seu amor. Nesse momento, ela percebeu que a terra, que sempre parecera sua amiga, como uma intrusa, foi se acomodando bem na sua frente, impedindo que os braços, os raios calientes do Sol a iluminassem; e pouco a pouco ela foi se sentindo numa escuridão tão densa... Foi muito triste... Sentiu uma tristeza impossível de descrecver. Pensou que nunca mais veria aquela luz que a iluminava, aquele fogo que aquecia o seu coração... Pensou que sucumbiria, que seria o fim. Felizmente, lenta, muito lentamente, aquela sombra que a sufocava começou a se retirar; e em pouco tempo, reanimada, a Lua pode sentir os afagos daqueles raios quentes e luminosos. Ah, que alívio! Foi apenas um eclipse!
As noites voltaram à sua rotina normal e quando o Sol se despedia, aparecia no céu a Princesa da Noite, cercada de estrelas, apaixonada pelo Rei do Dia, que percebendo seu amor pode então declarar para ela que já a amava à distância,há muito tempo, e por isso mesmo, algumas tardes pintava o céu de vermelho, para recebê-la caliente e amante. Outras tardes, para esperá-la, ele se escondia atrás de algumas nuvens, filtrava seus raios para as montanhas, bordava de ouro o desenho do céu., para esperar surgir, cheia de brilho nos olhos, a doce Lua apaixonada.
O romance eterno continua. Às vezes ela fica triste, quando o céu fica nublado, então abatida, passa pelo minguante. Mas seu coração sabe que é preciso reagir. É o início do crescente. Se enche de alegria quando está na cheia, cheia de um brilho intenso, que o seu amante joga sobre ela. São as noites de sonhos dos casais enamorados. Ela desfila cheinha de amor. Passadas essas noites lindas ela se recolhe num período que tras ao coração do Sol uma saudade louca, um desejo imenso de cobrí-la de luz, enchê-la de vida, de alegria, de beijos iluminados, mesmo à distância; É a fase da lua nova. Ela está se preparando para em breve, surgir de novo atras da serra, com nova roupagem, linda como uma noiva, anciosa pelo noivo, esbanjando alegria, vida e luminosidade.
O amor é lindo... Mesmo à distância, especialmente aquele amor que dura para sempre.

Velhice

Gosto de pensar na velhice como um tempo bom, um tempo de calma e paz que tenho experimentado ultimamente. Não posso deixar de reconhecer que nem todas as pessoas tem uma experiência tão boa quanto eu tenho tido até aqui.
Olho esse tempo como uma nova fase menos austera da vida, pelo menos no que tange a tantos compromissos, horários, responsabilidades..., agenda cheia.... Esse momento já ficou para trás, mas continuamos vivendo, influenciando e sendo influenciados por aqueles que nos cercam.
Considero que hoje vivemos muito melhor. Antigamente, muito cedo, ja éramos considerados velhos. Agora não precisamos esconder a idade, usando artifícios para mascarar os anos mais de vida. O que na verdade precisamos valorizar é uma mente arejada e a alegria de viver com prazer. No dia em que formos deixando de realizarnegócios, dirigir uma empresa e viajar sozinhos para o exterior, e isso não será um fato estanque, deve acontecer lentamente, não precisamos nos assustar. Ainda haverá muito a receber e a oferecer. Sem dúvida, não teremos mais a mesma vivacidade e brilho no olhar, nem a pele lisa e bronzeada, nem a mesma agilidade de antes, mas, que nossa alma tenha crescido como árvore frondosa, com galhos, folhas; embora o tronco esteja arqueado e sua casca enrugada e manchada como pele de sapo, ainda assim, pássaros podem se aninhar nela.


Podemos abraçar e receber abraços, amar e ainda ser amados e ainda frutos do outono podem ser vistos em seus braços. O Salmo 90 (Bíblia) diz que "aqueles que forem plantados nos átrios de Deus, ainda na velhice darão frutos, viçosos e florescentes". Que frutos são esses? O seu exemplo de vida, o seu testemunho, a sua dignidade, as marcas que voce deixou por onde caminhou, as palavras s´bias que usou, os textos que escreveu, as suas orações e palavras de bênção. São frutos que os outros estão colhendo e ainda recolherão quando voce não estiver mais aqui.
Não é necessário nem é possível que permaneçamos jovens por toda a vida. A velhice é um tempo que deve ser reconhecido como prêmio, pois muitos não a alcançarão. E como tal, o idoso premiado não precisa ter características jovens. Ele deve ter um caráter maduro, espírito que acompanhe a sua idade e seu estilo de vida. A alegria, a maturidade, o discernimento, devem acompanhar esse amadurecer da vida e com alegria devemos celebrar esse tempo que pode ser útil e abençoado para o idoso e para os que o cercam.