Tenho percebido, ao longo dos anos, que o outono é uma estação farta. È a época da colheita dos bons frutos...
As outras estações já passaram. O tempo da semeadura é breve, é corrido,pelas muitas preparações do plantio.Geralmente plantamos na primavera da vida, quando estamos cheios de força e vitalidade.Plantamos nossa profissão, ou melhor, escolhemos e mergulhamos nela, lutando para crescer. Edificamos o lar, construímos a família, semeamos nossos filhos e partimos para o cuidado, tarefa árdua nossa de cada dia.
O tempo corre, a estação passa, e vem o verão escaldante, quando o sol é mais quente, as praias são mais lindas, cheias e disputadas. Nossa vida é quente pelos desafios propostos, muitos acontecimentos, bons e maus, nos tornam agitados... Precisamos de ter mais cuidado com a saúde, pois muitas vezes, nossa vida se torna fator de risco para nós mesmos. Deixamos de nos alimentar direito por conta da falta de tempo e da busca da praticidade. Muitas vezes nos tornamos estressados e deprimidos em função de um sonho perfeccionista que construímos e não alcançamos. Eu mesma fui alvo desse mal. Felizmente, hoje, consegui livrar-me dessa nuvem e vivo muito melhor. Também, na ânsia de ajudar, fiz muitas visitas principalmente a idosos doentes, levando palavras de ânimo e consolo para eles. Percebi que voltava carregando um enorme peso de depressão. Vi que não era funcional. Passei a cuidar mais da saúde e procuro fazer trabalhos mais alegres , que me tragam mais tranquilidade.
Quando o verão vai passando, chega então o outono , com as águas de março, trazendo um pouco de frescor à nossa vida. Agora, o clima já é mais ameno, para nos preparar para o inverno quando o frio deverá chegar, e às vezes, rigoroso. Quando o outono chega observamos as mudanças nas árvores. São grandes. As folhas de muitas delas começam a mudar de cor, tornando-se de um castanho avermelhado, diferente, o que de certa forma é um lindo espetáculo. Os dias já passam mais devagar e uma brisa mais fresca nos alcança. A seguir, as folhas começam a cair, sacudidas pelo vento do entardecer...
Pensando nos seres humanos, percebemos uma mudança bastante semelhante, pois fazemos parte da mesma natureza em mutação. Nossos cabelos embranquecem e caem.Felizmente, não para todos, mas para alguns é mais radical e caem pra valer! Assim como a árvore vai abrindo mão, primeiro dos frutos, depois das folhas, nós também devemos estar dispostos a abrir mão dos nossos filhos, os nossos frutos, que nos deixam, e como aves, seguem seu caminho, fazendo em lugares distantes seus novos ninhos. Devemos abrir mão também de determinadas coisas que, quem sabe, por longo tempo, ocuparam nossa mente e hoje, já não devem significar nada para nós. Bom é que escolhamos atividades prazerosas abençoadoras para a nossa vida, como viagens , encontros, leitura de bons livros.... A companhia de amigos é algo indispensável. Não devemos ficar sós, porque assim a ausência dos filhos se tornará mais dolorosa. Gosto muito de ocupar minha mente com textos bíblicos, pois são pensamentos que nos reconstroem, animam e permitem-nos ficar mais próximos de Deus. Considero que esse tempo é tempo de maturidade e percebo que o outono nos leva a deixar de lado aquilo que não é mais valioso para nós, para buscarmos o que é mais excelente.
Uma vida de mais reflexão, não apenas de saudosismo, mas de confiança, fidelidade e esperança num futuro que, como cremos, Deus nos espera para uma vida eterna.