sexta-feira, 21 de abril de 2017

Jardineiro

Eu sou um jardineiro sem terra, sem jardim.
Minhas lembranças não esquecem a casinha onde nasci, 
cercada de plantas que floresciam constantemente. 
Logo pela manhã, os canteiros de "onze horas"pareciam sorrir para mim, 
dando-me bom-dia, com a alegria de seu colorido!

O dia inteiro, mesmo nas horas de sol quente, 
quando as cigarras trinavam nas árvores, algumas plantas, 
mais sensíveis, murchavam suas flores.
Eu sentia como se elas estivessem tristes e eu com elas.
_Logo mais ,ao entardecer, eu as regarei e vocês se sentirão restauradas. 
E assim era.

Haviam aquelas que só abriam ao anoitececomo a "dama-da-noite" que, preguiçosamente, ia abrindo suas pétalas, seus tentáculos 
e sorria para a brisa da noite, oferecendo seu perfume 
para que ela o levasse para longe.

Era eu um pequeno jardineiro, de flores espalhadas, 
de todas as espécies, sem nenhuma arrumação, 
sem nenhuma propriedade. 
Apenas beleza, alegria e prazer.

O tempo passou. Os jardins ficaram para trás.
Colhi flores na vida.
Hoje, aproveito ainda esse dom, esse carisma 
e trato dos meus vasinhos de azaléa, ou, de simples, 
mas belas, violetas. 
Aproveito o jardim que a vida me oferece hoje. 
Mas o jardineiro ainda vivo está.



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