Eu sou um jardineiro sem terra, sem jardim.
Minhas lembranças não esquecem a casinha onde nasci,
cercada de plantas que floresciam constantemente.
Logo pela manhã, os canteiros de "onze horas"pareciam sorrir para mim,
dando-me bom-dia, com a alegria de seu colorido!
O dia inteiro, mesmo nas horas de sol quente,
quando as cigarras trinavam nas árvores, algumas plantas,
mais sensíveis, murchavam suas flores.
Eu sentia como se elas estivessem tristes e eu com elas.
_Logo mais ,ao entardecer, eu as regarei e vocês se sentirão restauradas.
E assim era.
Haviam aquelas que só abriam ao anoitecer como a "dama-da-noite" que, preguiçosamente, ia abrindo suas pétalas, seus tentáculos
e sorria para a brisa da noite, oferecendo seu perfume
para que ela o levasse para longe.
Era eu um pequeno jardineiro, de flores espalhadas,
de todas as espécies, sem nenhuma arrumação,
sem nenhuma propriedade.
Apenas beleza, alegria e prazer.
O tempo passou. Os jardins ficaram para trás.
Colhi flores na vida.
Hoje, aproveito ainda esse dom, esse carisma
e trato dos meus vasinhos de azaléa, ou, de simples,
mas belas, violetas.
Aproveito o jardim que a vida me oferece hoje.
Mas o jardineiro ainda vivo está.
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