Se alguém não conhece o Ipê, ele é uma bela" árvore, da família das Bignoniáceas, de flor simbólica e madeira resistente e dura". Mas eu quero falar mesmo do Ipê lá da minha infância. Bem em cima do barranco que rodeava a nossa casa, estava um pé de Ipê. Era novo, ainda baixo, quando deu suas primeiras poucas flores. Eu era criança curiosa e gostava de observar e explorar. Quando as flores caíram, surgiram vagens enrugadas, com nervuras ao comprido, que no devido tempo secaram e graciosamente se abriram ao sol da manhã. À medida que enxugava ao sol e amadurecia o seu útero exposto, a brisa que passava, experimentando, ia retirando com seu leve sopro, as sementes que começavam a se soltar.
Não sei se consigo descrevê-las, tal a suavidade e perfeição, beleza e raridade que o Criador usou ao criá-las. Elas iam se soltando, camada após camada, de uma película acetinada, quase branca, mas transparente, onde, de espaço em espaço tem inserido um coração bem pequeno, também acetinado, que é a sementinha do Ipê. Essas películas levadas pelo vento, iam se partindo em frações, de maneira que cada pedaço levava uma só sementinha, um só coração. Assim a brisa, o vento, o sopro de Deus, espalha as sementes, fazendo-as brotar onde lhe apraz, para embelezar o mundo.
Bem, eu, admirada com a delicadeza daquelas sementes, colecionava os coraçõezinhos acetinados e os colocava dentro dos meus livros, com muito cuidado, onde eles ficavam por muito tempo A vagem de onde saíam as tão originais sementes, era revestida interiormente de um delicado veludo de cor amanteigada. Agora, eu percebo, aquele útero se abre ao vento porque ELE quer espalhar, disseminar, sementes e mais sementes de tantas flores amarelas e de todas as cores, que nos enfeitam a vida até hoje!
Outro dia, ao orar, eu desejei tanto estar com o Senhor, me aconchegar em Seus braços, sentir Seu amor e Sua proteção, que me senti como a semente do Ipê, tão bem guardada, num lugar tão macio e acolhedor. De repente , me lembrei que ela não ficou por muito tempo ali. Aquela vagem se abriu e ela foi levada pelo vento fraco, às vezes forte, arremessada com força, perdendo aquela paina delicada,( a película que a envolvia para proteger), levada pelo bico de uma ave, de onde rolou até cair na terra, onde secou, morreu, abriu-se ao meio e cumpriu o propósito para o qual fora criada: Reproduzir! Voltei a me lembrar de mim. Tão bem, no conforto dos braços do Mestre. Lembrei-me que também passei por um útero de mulher que me acolheu e que depois se abriu e carinhosamente me expulsou de lá, pois alí eu não poderia crescer e frutificar.
Deus nos mostra através de pequenas coisas, o seu grande propósito para nossas vidas.
_ Será que tenho oferecido a minha sombra como o Ipê?
_ Tenho eu enfeitado o mundo produzindo, oferecendo, semeando as flores amarelas da Palavra?
_ Tenho espalhado o suave perfume de Cristo nessa humanidade carente de afeto e do bom cheiro do Salvador?
Que o Senhor nos desperte e nos faça sentir a nossa responsabilidade de levar a semente e ajudar o desabrochar de Cristo, o Lírio dos Vales, a Rosa de Sarom, a flor do Ipê, em tantas vidas ressequidas por falta de AMOR.
Boa tarde. Eu, uma apaixonada pelos ipes, hoje chegando ao consultório médico me deparei com umas árvores de ipês, já sem flores, mas com muitas viagens soltando algo que imaginei serem sementes. Muito suaves. Ao toque se desprende rápido. É até difícil segurar. E é a primeira vez que vejo de perto assim. Peguei algumas e plantar.
ResponderExcluirPara ter certeza busquei mais informações na internet e encontrei seu texto. Muito bonito. Parabéns.